segunda-feira, maio 12, 2008

Corporativismo de trânsito

Onde eu moro existem vários meios de transporte para quem quiser vir para o centro da cidade: trem, ônibus, táxi e, obviamente, as famosas vans e lotadas.
Para quem não conhece, a lotada funciona como funcionava antigamente: lota-se um táxi e cada pessoa paga um valor fixo.

Pois bem.

Onde eu moro a maioria das pessoas frescas, metidas ou apressadas prefere vir pro centro de lotada. Ar condicionado, espaço para respirar e, principalmente, acesso à faixa seletiva da Brasil, que muitas vezes se mostra como o oásis no deserto - ou a única faixa livre no meio do engarrafamento (bisonhamente, os motoristas comuns aprenderam a respeitar a seletiva).

O horário até 7h é tranquilo. Poucos acordaram, poucos estão pegando lotadas, a oferta é maior que a procura. E a Brasil está limpa.
A partir das 7h, porém, o trânsito muda, e as pessoas também.

Hoje eu saí de casa às 7h15. Eu e muitas outras pessoas.
Cheguei no ponto e ninguém estava lá. Parei próximo a um sinal e aguardei, sempre olhando para trás, monitorando o tráfego de pessoas que possivelmente pegariam lotada.
Uma mulher. Veio andando devagar, devagar passou por mim e devagar continuou andando até parar mais à frente.
Outras duas mulheres. Vieram não tão devagar, passaram por mim. Uma delas passou pela outra mulher e continou andando por cerca de 300m. A outra parou do lado da mulher que tinha chegado primeiro, conversou por alguns instantes e continuaram as duas andando por mais uns 100m.

Eu pensei "Pqp. Se eu ficar aqui, todas as lotadas vão ser ocupadas por essas 3. Vamos ver quem é que desiste primeiro...", dei meu sorriso maquiavélico (o tal "side smile") e comecei a andar.

Quando as duas perceberam que eu estava indo na direção delas, começaram a andar também. Mas não rápido o suficiente para evitar que eu as ultrapassasse (com direito a musiquinha do Senna de papel de parede).

A outra, que estava ainda mais à frente, me perseguiu por alguns metros após a ultrapassagem, mas acabou desistindo. E eu pensando "Fracos... hahahaha"

O mundo corporativo também é sinistro.
Os fracos não sobrevivem. Nem pra pegar táxi.

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O resultado: acabei pegando uma van. Para ouvir o tempo todo o motorista no nextel avisando os outros que a chapa tava quente na esquina da Rio Branco com Santa Luzia.

Ai ai...

2 comentários:

Anônimo disse...

Isso me fez lembrar uma coisa que vai ser assunto para um próximo post no meu blog. Aguarde cenas dos próximos capítulos!

Anônimo disse...

Eu simplesmente odeio o transito carioca.

Gente feia, porca e burra comprando carros em 48x e entupindo a porcaria das vias.

Custa o povo pegar trem,onibus e metro?

Tinham era que proibir a entrada de arros de passeios em locais de grande acesso e investir em transporte publico.