sábado, setembro 29, 2007

Guarujá/SP

O motivo: participar do IV ICCyber (Conferência Internacional de Perícias em Crimes Cibernéticos). Sim, eu assumi meu lado nerd (não vou nem mencionar a origem das influências malignas, porque creio que todos sabem).

A novela começou mais ou menos as 15h, quando nossa heroína pega o ônibus na Rodoviária do Guarujá (vocês sabiam que o Guarujá é uma ilha?? pois é!).
Para que ela não ficasse com medo na Imigrantes, disseram-lhe:
Essa é a estrada mais moderna de sampa, relax...
Peraí. Ela no ônibus, a não sei quantos metros acima do nível do mar, subindo cada vez mais, em uma rodovia que não está colada na pedra, nem está sobre ela, mas apenas elevada, sobre pilotis imeeeeeeeensos, e querem que ela relaxe???


























(Reparem na estrada láaaaaaa no fundo...)

















Mas enfim, ela sobrevive à estrada... chega na Rodoviária de Jabaquara às 16h40, pega um táxi e o taxista é gentil o suficiente para explicar o atalho que estava pegando em consideração ao seu vôo - às 17h40.
Nossa heroína e seu salvador de ocasião fogem da Bandeirantes e seu trânsito caótico diário tradicional. Ela chega no aeroporto às 17h e faz check-in (fazem, ela e suas bagagens de mão. Aliás, perceberam como as bagagens de mão ficam cada vez maiores, mais pesadas e menos "de mão"?) e dirige-se ao portão de embarque.

Vôo Varig 2441, com destino ao Rio de Janeiro, embarque previsto às 18h10, pelo portão 05.
Mas o quê? 18h10?
Passageiros do vôo Varig 2441, com destino ao Rio de Janeiro, embarque previsto às 18h25, pelo portão 05. Fiquem atentos ao sistema de som.

Sarita!
Ahn? Não é o sistema de som... Nossa heroína vira-me. Um analista da Petrobras, que também estava no ICCyber, está esperando o avião. O mesmo. Atrasado.
Ela se senta, os dois conversam, falam sobre computadores, redes, hacks etc. Nada de avião.
Ela lê o livro, ele joga PSP. 18h20. Nada de avião.
Ele tenta entrar na internet pelo PSP. Rede bloqueada. Se eu tivesse o Linux dava pra entrar, mas sem ele... 18h40. Nada de avião.

Passageiros do vôo Varig 2441, com destino ao Rio de Janeiro, embarque previsto às 18h55. Devido ao reposicionamento da aeronave, o embarque será feito pelo portão 04.
O analista, a heroína e suas bagagens-não-de-mão dirigimo-nos ao portão 04.
Sentam-se. Falam sobre música, ela ouço rádio, ele mostra a gravação do trio de jazz. 18h55. Nada de avião.

Varig. Vôo 2441. Rio de Janeiro. Embarque imediato. Passageiros posicionados nas poltronas de 11 a xx.
Ela se despede, deseja boa viagem e entra.
Sua bagagem não-de-mão recusa-se a colaborar. Por sorte, um cavalheiro faz a gentileza de levá-la até o bagageiro (coitado... deve estar com dor nas costas até hoje...).

O avião demora a decolar. Tempo suficiente para ela mandar um último torpedo de adeus, após receber a seguinte mensagem de mamãe:
Aqui começou a chover um pouco agora. Quando chegar no Rio me manda um torpedo. Deus as proteja.
["as" = Sarita e Juliana]

Mmm...
Façam os cálculos: chuva no Rio + serra + nuvens = medo + aflição + tensão + vôo de muitas horas.

Tá, tá, tá.. "Muitas" foi absudamente exagerado. Mas dêem um desconto. Ela estava cansada, tinha ficado mais de uma hora na estrada, não sei quanto tempo no aeroporto e agora ia pegar um avião sabendo que chovia torrencialmente no seu destino!

Senhoras e senhores, boa noite, eu sou o comandante ___ e devemos chegar no Rio por volta de 20h04. O tempo no Rio está chuvoso, mas tudo deve correr bem.
Deve???
O cara do lado já tinha se benzido umas 3 vezes, e ela estava tensa...
Mas já são 20h04! Não deveríamos estar pousando agora??? - pensa.
Tripulação, iniciar procedimento de pouso.
Senhoras e senhores, infelizmente não será possível pousarmos no Santos-Dumont, pois a pista está fechada. Vamos realizar nosso pouso no Aeroporto Tom Jobim.

Bem, dos males o menor. Ela ficará mais perto de casa, pelo menos...

A aeronave pousa por volta de 20h25.
A descida é na pista, para embarque no ônibus que os levará ao terminal. O aeroporto está um caos.
Conrariando as previsões, nossa heroína encontra um táxi, paga absurdos 30 reais e chega em casa, sã, salva, cansada, com sono e com o corpo todo dolorido.

E com um celular suicida, que passou a noite toda se jogando no chão.
Ele deve estar possuido por malevolos espiritos paulistas. Recomendo duas rodas de samba e um domingo na praia...

===

De resto, fico com as fotos tiradas na estrada. E na praia... onde ela não fui por absoluto complô de São Pedro...

terça-feira, setembro 25, 2007

Ah esse sangue negro e viscoso...

Às expensas de meu empregador, fui domingo ao Citibank Hall (ex-Claro Hall, ex-ATL Hall, ex-Metropolitan) assistir Video Games Live.
Orquestra Petrobras Sinfônica (patrocinada por minha empregadora) no palco, tocando clássicos do video-game, e eu na poltrona, com direito a pulseirinha azul que me permitia passear livremente e voltar depois ao meu lugar cativo, reservado, confortável, tranquilo...
Não. Não tranquilo. Durante a maioria absoluta do show dois meninos, sentados ao nosso lado, conversavam (!), atrapalhando a apresentação.

Mas a parte engraçada foi protagonizada por um dos meninos, logo antes de começar seu ataque oral a nossos ouvidos que ansiavam pela Sinfônica:
(Espetáculo narrado em inglês. O apresentador faz piadas, ri e a platéia, formada por falantes da língua vitoriana, acompanha. Cristiano e eu também. O menino vira-se para Cristiano) - Excuse me sir, do you speak portuguese?
(Cristiano, controlando-se para não rir) -Falo.

E no final do show, após o intervalo, o apresentador volta ao palco e fala: "Quando eu estava lá atrás me pediram que eu fizesse isso aqui, mas eu não sei porque!"
Ele dança a dança do siri, aos aplausos de todos que nessa hora já caíram na gargalhada e gritam "SIRI! SIRI!" a plenos pulmões.

No mais, orquestra sinfônica é sempre muuuuuito bom.

===

A propósito, estou de saída.
Meu empregador pretende me capacitar.
Eu, do Jurídico de TI (irônico, não?), estarei em curso até o final da semana.
Desejem-se sorte, boa viagem e que Congonhas esteja bem, obrigada. =)
Levo Dostoievsky só pra ocupar o tempo, em caso de adversidade.

(Não, não é "desejem-me". É "desejem-se" mesmo, porque se eu não voltar vocês serão privados de minha companhia, e sei que muitos não sobreviverão...)

Thiago Jose Veloso... vai ser tranks... só perguntar pro piloto se o reverso está funcionando
Sarita de Oliveira M... hahahaha
Thiago Jose Veloso... tipo: "moço, com licença"


(Durma-se com um barulho desses...)

Saudações, leitores.

segunda-feira, setembro 24, 2007

Like a stone (Audioslave)

on a cobweb afternoon
in a room full of emptiness
by a freeway i confess
i was lost in the pages
of a book full of death
reading how we'll die alone
and if we're good we'll lay to rest
anywhere we want to go

(chorus)
in your house i long to be
room by room patiently
i'll wait for you there
like a stone i'll wait for you there
alone

on my deathbed i will pray
to the gods and the angels
like a pagan to anyone
who will take me to heaven
to a place i call
i was there so long ago
the sky was bruised
the wine was bled
and there you led me on

in your house i long to be
room by room patiently
i'll wait for you there
like a stone i'll wait for you there
alone

and on i read
until the day was gone
and i sat in regret
of all the things i've done
for all that i've blessed
and all that i've wronged
in dreams until my death
i will wander on

===

Confesso que só prestei atenção na letra hoje de manhã. Fone de ouvido, som alto, pessoas conversando ao meu redor e eu ouço "i was lost in the pages of a book full of death reading how we'll die alone".
Eu sabia que conhecia isso de algum lugar...

===

Oh you compassionate ones possessing the wisdom of understanding, the love of compassion, the power of acting, and of protecting in incomprehensible measure, one is passing through this world and leaving it behind. No friends does he have, he is without defenders, without protectors and kinsmen. The light of this world has set. he goes from place to place, he enters darkness, he falls down a steep precipice, he enters a jungle of solitude, he is pursued by karmic forces, he goes into a vast silence, he is borne away on the great ocean, he is wafted on the wind of karma, he goes where there is no certainty, he is caught in the great conflict, he is obsessed by the great affecting spirit, he is awed and terrified by the messengers of death. Existing karma has put him into repeated existence and no strength does he have although the time has come to go alone.

THE TIBETAN BOOK OF THE DEAD

domingo, setembro 23, 2007

You took my love for granted..
Why? Oh, why?
The show is over say good-bye.


Sempre tive o péssimo hábito de deixar as amizades escorrerem entre meus dedos. Não ligava, não procurava, não aparecia.
Poucas vezes eu deliberadamente decidi que isso não ia acontecer.
Os meninos são um exemplo disso. Minha mãe os conhece, meus irmãos os conhecem, minha família inteira os conhece. E todos chegaram à conclusão que eu poderia ter me saído "a lot worse" pra escolher meus amigos. (Acreditem, meninos, quando minha avó lamenta sair da festa porque perderia o recital de guitarra, é porque vocês são unanimidade no quesito "boa companhia".)

Sabe o que seria pior?
Se eu tivesse deliberadamente escolhido isso e, na contramão, eles tivessem fazendo força pra sumir da minha vida.
Cada um trabalha em um canto, eu sou a pessoa com a agenda mais louca que existe, mas mesmo assim, quase 2 anos depois de formada, posso dizer que ainda tenho os mesmos amigos. E a mesma felicidade quando os vejo.

Nada como ser correspondido. Amor lançado no vazio é desperdício de energia, e eu não gosto de desperdiçar energia. Nem mesmo com amigos.

===

Thanks u guys. Still luv u all. =)

quinta-feira, setembro 20, 2007

Se a gente não dissesse tudo tão depressa
Se não fizesse tudo tão depressa
Se não tivesse exagerado a dose
Podia ter vivido um grande amor


(Pediram que eu explicasse. Não gosto de me explicar, inclusive porque não tem absolutamente nada de errado. Mas eu concordo que abandonar uma letra de música sem motivo nenhum aparente faz com que as pessoas interpretem, e interpretações são sempre perigosas.. rs)

Gosto dessa música e há muito tempo não ouvia.
Voltando pra casa ontem, ela começou a tocar no rádio. Quando fui aumentar o volume para (como cúmulo da falta de noção) cantar dentro do ônibus, o celular tocou e a música foi interrompida. O cara sem noção da loja ficou tanto tempo no telefone que quando eu voltei pro rádio a música estava acabando.

E esse trecho foi o último que eu ouvi antes do celular tocar...

segunda-feira, setembro 17, 2007

Prólogo

(Quando a menina observa seu reflexo no espelho pela primeira vez)


Foram sempre as mesmas pessoas, as mesmas brincadeiras. Desde cedo ela aprendera de quem gostar, de quem não gostar, para quem sorrir, de quem desconfiar. Seus hábitos mundanos foram herdados de seus parentes. Mas eles discordavam entre si, e por mais que soubessem quando calar na presença da menina sempre escapava algo. Algo palpável, materializado na forma de olhares, de suspiros, de sussurros. Ou algo sutil, mas mesmo assim físico, pairando no ar como fumaça.
E ela aprendera a agir na presença de cada um deles, mas não dos dois. Ela sorria quando tinha que sorrir, ela conversava quando tinha que conversar. E ela chorava escondida, no banheiro, ou no quarto, coberta até o topo da cabeça, pés aparentes sob o lençol, sentindo frio na alma.
Um dia, em uma das crises de choro no banheiro, olhou-se no espelho. E viu-se pela primeira vez. Viu suas vontades, viu seus desejos, suas manias, seus olhares, seus sorrisos. Não mais o reflexo da vontade de seus pais, mas o que ela era. Dentro do espelho, refletido. Preso. E chorando.
Vira-se bonita, sentira pena de si mesma, e se acalmara com um sorriso. O sorriso mais bonito que já tinha dado até então, emoldurado pelas lágrimas e pelo brilho nos olhos. O brilho que só muita dor e muito medo produzem. O brilho de quem se afoga e luta para voltar à superfície.
Seu reflexo sorria de volta, e por alguns poucos minutos, enquanto chorava, ela conversou sozinha, dividindo sonhos, segredos e seus mais profundos pensamentos. Aqueles que escondia de seu pai e sua mãe por envolverem os olhares errados, os sorrisos errados e a confiança na pessoa errada.
Seu reflexo era seu único amigo real. O único amigo que ela escolhera. E o único que teria por um bom tempo.


Sarita de O. M. da Silva
17/09/2007 - 17h11
1- Eu não sou psicopata. Eu simplesmente tenho medo que as pessoas não gostem de mim. Por isso eu sempre vou ligar, mandar torpedos e sorrir, sem que isso signifique que eu vou ser uma pedra no seu sapato e estar onde você estiver.

2- Meus (poucos) amigos podem confirmar que é mais provável que depois de um tempo eu suma do que continue no pé deles. Caju, Pedro e Leo, os de longa data. Porque os novos ainda estão sob o efeito analgésico de me ver com frequencia.

3- Ir ao hospital sozinho visitar alguém que a gente ama é sempre ruim. Não sei porque, mas o hospital parece maior, mais pesado e absurdamente pior do que quando dividimos a visita com outra pessoa. Ao menos tem alguém conhecido que entende de verdade a nossa dor, entende e coloca rostos, expressões, sorrisos e tom de voz nessa dor. Alguém que sabe exatamente por quem estamos lá.

4- Pior do que ser esquecido é saber-se esquecido por algo que se fez. Pior do que ser ignorado é ter a certeza que, se um pequeno gesto no passado pudesse ser alterado, talvez sua companhia ainda fosse desejada.

5- Meu tempo favorito é o que faz hoje: frio e meio nublado. Nada contra o sol, mas eu gosto de tempo assim. Parece estar pensando sobre coisas sérias e importantes.

6- Eu não preciso ser temida.

domingo, setembro 16, 2007

Premières paroles

Essa é fácil, T. Mais fácil do que "Ne me quitte pas"...


Supersonique. Magnifique.
Très très cool et très très chic...
A maior frustração de todas é ver tudo que você imaginava significar para alguém cair por terra ao perceber que você não é o único. Não é o único pra quem ela sorri, não é o único com quem ela fala naquele tom de voz, não é o único a saber os segredos mais tristes, não é o único cujos conselhos ela ouve.

O vazio tem me frequentado com pontualidade britânica.
Semanalmente, aos domingos, na parte da noite. Cada domingo ele tem uma justificativa. Um olhar, uma frase, um gesto, uma ausência, uma presença indevida, mas sempre lá, me esperando, ao final do dia.

Hoje de novo. Hoje o vazio trazendo a frustração.
Essa daí de cima.
A frustração de ver-se igual, idêntico. Pior, por ver quão pouco tempo demorou pra isso acontecer. Ver os mesmos gestos repetidos. E reconhecer-se incapaz de fazer qualquer coisa.

Paciência. É assim mesmo.
Não se pode cobrar nada de ninguém. Nem mesmo fidelidade.

sábado, setembro 15, 2007

Boa noite!... E tu dizes – Boa noite.
("Boa-noite", Castro Alves)


Sentiu o peito encher-se com a dor da espera. A dor que dilacerava cada célula de seu corpo.
Horas antes, esquecera a dor afogando-a em comida, bebida e sorrisos. Gargalhadas altas, dispersas, como a dizer "Olhe para mim. Mas olhe bem. Eu estou aqui. Eu vim por você, mas não preciso de você."
E ele olhara. A cada sorriso, ele olhara e sorrira de volta. A cada gargalhada, os olhos dele espandiram-se. E a cada olhar, ela sentira novamente a dor da espera.
A noite toda passara desviando-se de seus olhares. A noite toda escondeu-se nos abraços e nos braços de todos os outros com que dividia a comida, bebida e os sorrisos. Escondera-se, mas não desviara os seus próprios olhos, cativos dos dele.
Por um momento, alguns minutos, os olhares traduziram-se em palavras.
- Você estava errado, eu não mando em você., dissera, presa a seus olhos e seu sorriso fino que abria-se agora em uma interrogação.
- Ah não?, perguntara ele, o mesmo sorriso enigmático, os olhos ainda fixos nos dela. Os olhos que sabiam o que ela pensava, que despiam seus sentimentos e expunham-nos na mesa, perante todos. "Observem. Eis aqui o que ela quer. Guardem esse momento, pois ele é único. Meus olhos entendem cada pedaço dela e agora eu divido isso com vocês."
O enigmático do sorriso prendera-se a ela e potencializara a dor. Uma fração de segundo fora tempo suficiente para ela alimentar-se naquele sorriso, e ser torturada por aqueles olhos que, tranquilamente, amansavam o desespero que estampara-se em seu rosto. Levantara-se cambaleando, olhos e boca em silêncio, mudos, incompreensíveis. E não tocara nele. Em momento algum tocara nele, suas células afogando-se em dor, em expectativa, em desconsolo, dependendo do toque. E não tocara nele.
Agora, depois de ter mantido a dor da espera controlada, ela derramava-se sobre seu peito, enchendo-a de temor. Sozinhos, na rua, ambos se olhavam, e se continham. Ela, falando; ele, em silêncio. E olhando-a. Olhando-a exatamente no meio de seu rosto, sem afastar-se. Um meio sorriso brincando em sua boca, e ela toda uma enorme expectativa, um gigantesco impulso controlado, precisando apenas de uma fagulha para acender-se toda e transformar-se em satisfação.
Conteve o impulso, conteve o medo. Dera-se em oferenda, sutilmente. Bastaria a ele aceitar. E ele aceitava, mas assim como ela não o tocara horas antes, agora ele também não a tocava.

sexta-feira, setembro 14, 2007

Tá bom. =)

(Mantra)

I must not fear.
Fear is the mind-killer.
Fear is the little-death that brings total obliteration.
I will face my fear.
I will permit it to pass over me and through me.
And when it has gone past I will turn the inner eye to see its path.
Where the fear has gone there will be nothing.
Only I will remain.


Não parece, mas funciona...
Façam o teste.

===

"Bene Gesserit witch! The universe would better rid of them all!"

Mas ia ser muito menos divertido viver... ;)

terça-feira, setembro 11, 2007

Mas então estou em fase negra. Não "negra" no sentido de "tudo dar errado" ou "eu fazer tudo dar errado pra todo mundo". Seria "negra" por estar descobrindo várias coisas.

Primeiro, descobri que o mundo é dos espertos. Não exatamente DESCOBRI. Minha descoberta foi ratificada. Porque não bastasse eu ter descoberto, agora eu tenho que diariamente ver a confirmação.

O mundo é dividido em dois lados: o lado dos espertos e o outro lado. Não é a pessoa que escolhe o lado.
É o lado que aceita a pessoa.
É, (in)felizmente eu fui requisitada pelo outro lado.
Mas isso torna o dia da vingança ainda melhor, Sarita...
Sim, mas eu não tenho um dia de vingança. Eu tenho pequenas vinganças esporádicas e de menor intensidade do que eu gostaria.

Pequenas vinganças, vinganças de cabeça erguida, vinganças capazes de mostrar que afinal de contas quem está do outro lado pode não ser esperto, mas é tão inteligente e eficiente quanto os espertos.

Isso me irrita.

E meu único consolo é saber que o outro lado também requisitou as pessoas que eu amo. Vai ver é pré-requisito para ser meu amigo: não ser esperto.
"I am the only person in the world I should like to know thoroughly; but I don´t see any chance of it just at present."

(Mr. Dumby - Oscar Wilde´s Lady Windermere´s fan)

segunda-feira, setembro 10, 2007

Viver em comunidade implica em muitas vezes você abrir mão do que realmente quer por algo que beneficiará a maioria. É o "bem da tribo". Mais ou menos como os kamikazes: o bem-estar de um não é mais importante que o bem-estar da maioria.

Esse princípio, no entanto, costuma ser compreendido como a total e completa anulação do indivíduo em prol do bem maior. Deixo de ser EU para me tornar PARTE. Deixo de ser Sarita para me tornar a advogada da Petrobras, o membro da família, a amiga do grupo, a aluna no curso.

E nessa confusão de partes, eu descubro que o que eu mais quero nesse momento não é exatamente o que todos esperam de mim. Descubro que um pedacinho egoísta grita "vai, anda! fala! diz logo! o tempo tá passando!", enquanto eu sussurro em seu ouvido "é pelo bem maior, é pelo bem da tribo, fica quietinha...".

Se eu não conseguir calá-la a tempo, terei problemas. Melhor sufocá-la com um travesseiro quando ela estiver dormindo. Pena que ela não dorme...

terça-feira, setembro 04, 2007

Dune



Sarita passou pros clássicos de ficção científica.

Me disseram que eu sou influenciável. Eu sou.
Ou, como diria João o estagiário maluco, eu sou uma esponja. O que disserem eu aprendo. O que falarem eu registro. O que eu ler eu guardo.

Portanto, registremos Dune. Em inglês, pra facilitar a incompreensão. Afinal, não tem graça ler um clássico de ficção científica se não for na língua original.
(Só agradeço não estar em klingon.. rs)

"There'se no secret to balance. You just have to feel the waves."

===


"Uma fragrância radiante, porém sutil, em perfeita sintonia com a Natureza.
Um vislumbre do infinito.
A representação em perfume de uma paisagem onde o céu encontra o mar.
Um buquê harmonioso onde flores de âmbar e frescor se misturam em uma sensualidade crescente."

(Tradução livre da descrição do perfume. Mas se você quiser entender mesmo tem que ler em espanhol, inglês e francês, porque essa tradução livre virou uma misturada só... rs)

Só dói quando eu Rio

Então, reunião cancelada, retorno eu para a frente do Edise, onde pegaria o 261 em direção ao Méier (isso sem muita certeza de ser o ônibus certo, fato que eu só descobri depois que o João, com a cara mais ingênua do mundo, perguntou onde nós desceríamos - já em São Cristóvão - quando na verdade ele tinha sido a pessoa a afirmar categoricamente "podemos pegar o 261").

Problemas resolvidos no Edita, problemas herdados, problemas ressucitados, tic-tac devidamente confiscado, livro emprestado (imaginem um épico japonês... pois é, minha atual leitura, depois de ler O livro negro de André Dahmer), e uma caminhada breve...

Quase chegando à Senador Dantas, ouço um barulho. Pá!
Cara de ponto de interrogação, prossigo em minha caminhada, e 15 segundos depois o mesmo barulho. Pá!
Pessoas à minha frente olham para o outro lado da Almirante Barroso, sobressaltadas; mulheres entram em um salão de beleza; carros param.
É uma boa idéia parar também, né, Sarita, pra ver o que está havendo... penso eu. E João deve ter pensado o mesmo, porque também parou.
Olho calmamente para trás.
Um homem. Mulato, camisa preta, calça jeans, tênis, bem apessoado, corre pela Almirante Barroso, vindo da Rio Branco.
Um outro homem. Mulato, farda da PM, fuzil para o alto, corre pela Almirante Barroso, vindo da Rio Branco, fazendo o mesmo caminho que o primeiro homem.
O primeiro homem coloca a mão na cintura.
Pronto. F***. penso eu. João deve ter pensado o mesmo, porque começou a me empurrar para dentro do salão de beleza. Eu parada. Peraí, eu quero ver, João...
Sirene vindo pela Almirante Barroso, no sentido da Rio Branco. Carro para, salta um homem, mulato, farda da PM, pistola na mão. Rende o primeiro homem.
O segundo homem, vendo que o terceiro dominou o primeiro, pendura o fuzil de novo e continua correndo. Algema o primeiro homem (com a mesma rapidez que vemos nos filmes) e o faz ajoelhar-se no chão.

Subitamente, me senti segura.

Continuo andando em direção ao ponto de ônibus, mais por insistência do João do que por vontade própria. Eu queria ficar pra ver...
Do ponto de ônibus, vemos a viatura passar, sirene ligada, não mais na contramão. O primeiro homem no banco de trás.
Nova sirene, indo pro mesmo lugar. Um quarto homem, branco, no banco de trás.
Deve ser o cúmplice. João não pensou o mesmo. Segundo ele, devia ser a vítima. Era o único branco...

===

Eu não sei o que foi mais insólito: os tiros às 17h30 na Almirante Barroso, o comentário do João ou ver o menino que trabalha aqui no Edise andar na rua tranquilamente, de fone de ouvido, ingorando as pessoas ansiosas e as sirenes.
Morando no Rio, isso já virou algo normal...

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E nem lembrei de tirar foto...

domingo, setembro 02, 2007



Meu msn está bíblico.
Na noite de hoje, conectados Pedro e Thiago, eu percebi isso.

Pedro, ausente. Thiago ocupado. Isso não traz boas conclusões sobre os discípulos...

A boa-nova está assim tão inacessível neste domingo?

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"Please allow me to introduce myself, I'm a man of wealth and taste. I've been around for a long, long year. Stole many a mans soul and faith."

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E de novo, enquanto os discípulos se fazem distantes, sentem-se as vibrações típicas de um domingo. Domingo sombrio. Estranho. Vazio. E sem inspiração divina.
Nem o seguidor de Cristo por definição está online.

Resistir às tentações torna-se um ato muito, mas muito difícil... rs

sábado, setembro 01, 2007

Como esquecer um grande amor

- Brigue com o seu grande amor com frequência, caso ele ainda esteja próximo.
- Arrume um novo amor.
- Diga para esse novo amor que o ama e que faz tudo por ele.
- Faça com o seu novo amor tudo que você nunca fez com o antigo.
- Deixe bem claro para o antigo amor que o novo é melhor, mais importante e mais bonito.
- De preferência, mostre para o antigo amor tudo que você faz com o novo.
- Peça conselhos ao antigo amor e demonstre que realmente quer que dê certo com o novo.
- Chore pelo seu novo amor com o antigo.
- Cuide bem do novo amor, paparique-o, mime-o, declare-se, para que ele te ame cada vez mais e você se sinta cada vez mais responsável por não partir seu coração.
- Entregue o seu próprio coração nas mãos do novo, tendo o antigo como testemunha.

Faça tudo isso e, com certeza, você não só esquecerá o antigo amor como é bem provável que ele saia da sua vida mais rapidamente do que você conseguiria sozinho.

E torça para que seu antigo amor seja do tipo que se afasta quando percebe estar sobrando, mesmo que você fale o contrário.

Com alguma sorte, você vai perceber que o antigo amor nunca existiu, foi imaginação sua. Mas não espere se divertir muito neste processo. Você pode sofrer muito.