sexta-feira, novembro 24, 2006

Sarita

(Por que será que a solidão parece acompanhar-me?)
As palavras nao chegaram a meus ouvidos.
Atingiram primeiro outras pessoas, conhecidas apenas, colegas em comum.
Eles, sim, se encarregaram de transmiti-las depois que voce, aparentando descuido, relatou nossa vida em uma conversa descompromissada. Suas maos deslizavam no ar, sua voz cortava o ambiente e as palavras, as palavras, essas destilavam rancor, frustraçao, medo, e tudo que voce tinha guardado por anos, esquentando, preparando, esperando o momento certo para atirar em minha direçao como uma granada. Depois que tira-se o pino, meu querido, ela só pode explodir. Sim, voce ainda teve tempo de pega-la gentilmente, recolocar o pino, virar-se e partir, mas voce preferiu atira-la o mais longe possivel de voce, o mais perto possivel e mim, e assistir. Distancia segura, que te impediu de ver minha expressao, mas permitiu ver o brilho.
Fogo. Suas palavras foram fogo lançado em minha direçao. Voce sabia, voce mentiu. Enquanto eu acreditava em voce, suas palavras atingiam todos ao meu redor, sem eu saber, sem eu perceber. Voce matava, cuidadosa e meticulosamente, o carinho e o respeito que tinham por mim. Voce encontrou até aqueles que eu nao me lembrava mais. Aqueles que nao passavam de um rosto na minha memoria, aqueles que eram apenas um nome. Voce vasculhou meu passado, enquanto eu sorria e te dizia oi. Voce cavou buracos ao meu redor enquanto eu andava sem olhar pra baixo, por confiar em sua companhia.
Ingênua. Quem irá acreditar em mim agora? Voce? Suas palavras mentem, seu olhar povoa meus pesadelos. Eu nao confio mais.
A partir de hoje voce é mais um nome e um rosto no meu passado. Minhas acoes ainda estao em minhas lembranças, mas eu irei esquece-las assim como um dia acordarei e nao lembrarei do seu perfume, do seu beijo, dos seus olhos, de nenhum de seus truques para me enganar e me envenenar aos poucos.
Eu tenho olhos ao meu redor; e agora enxergo muito bem. Só espero nao te odiar, ou voce estará fadado a infelicidade.

"O beijo, amigo, é a véspera do escarro;
a mão que afaga é a mesma que apedreja."

Sarita
23/11/2006 - 23h53

* * *

Versos Íntimos - Augusto dos Anjos

* * *

E eu achava Leonardo cruel.
Não liguem, eu precisava de uma catarse.

(Nota mental para um desconhecido: voce estava certo. Eu vou parar de falar com voce.)

quinta-feira, novembro 23, 2006

Eu não me conheço. Sou surpreendente para mim mesma e isso não parece boa notícia.
O processo de "autoconhecimento" iniciou-se e eu estou abismada com o que vejo!!!

Primeira descoberta: não, eu não tenho o hábito de me apaixonar pelos meus amigos. Mas sim, eu me apaixonava facilmente por pessoas gentis o suficiente pra me dar o mínimo de atenção e me fazer rir. Daí as "paixonites agudas" por alguns amigos (sim, você também que agora franziu a sobrancelha, provavelmente eu já te olhei e pensei "será?"). Amigos são tradicionalmente as pessoas que dão um mínimo de atenção e nos fazem rir. E geralmente me deixavam com as pernas bambas, um sorriso idiota e a sensação de estar sendo abandonada a cada minuto.

Àqueles que estavam preocupados de eu ter uma recaída e voltar a sofrer de paixonite aguda (é, você que falou ou pensou "Eu hein..."), não se preocupem. Garanto com 99,9% de certeza que isso não vai acontecer. [Oras, o exame de dna não tem 100% de certeza! Por que eu deveria prever o futuro?] Você pode agora voltar a falar normalmente comigo.. rs.


(Sem destinatário específico. Esse é o tradicional post se-a-carapuça-serviu-vista-a.)

segunda-feira, novembro 20, 2006

Crash

Não concordo com o subtítulo escolhido para a versão em português do filme.
Morar em uma cidade grande é motivo para todos estarmos no limite. Mas eu não vi nenhum "breaking point" importantíssimo em nenhum personagem que justificasse o subtítulo.

Vejamos. Policias, pessoas do judiciário, latinos, negros, chineses, persas, imigrantes de todo tipo. Uma cidade violenta, várias faces para vários crimes. Nada é o que parece. Você olha o policial, acredita que ele vai matar todo mundo, ele salva alguém. Você olha pro menino, acredita que ele tem futuro, ele é morto por um policial que você acreditava só iria salvar pessoas. O filme é um jogo. Você perseguindo cada personagem tentando saber o que ele pensa, e ele te surpreendendo. Como as pessoas.

Ninguém está no limite. Todos já ultrapassaram o limite e estão naquele ponto onde se tornam imprevisíveis e absolutamente compreensíveis exatamente por serem incoerentes o tempo todo. Explica-se: culpa da cidade, culpa do crime, procuremos respostas na sociologia. O homem é um animal cultural. E não há limites a serem respeitados. Não mais. Na cidade grande, é salve-se quem puder, como puder, quando puder. E geralmente ninguém se salva sem perder algo. O amor, a honra, as certezas, a dignidade, a esperança. Escolha algo. Você vai perder.

Que façamos bom proveito do que temos até agora.
Segundo Leiloca, a astróloga-atriz-cantora, em 2011 nós sentiremos saudades de 2006. Não vejo como. E subitamente me pego lamentando a extrema longevidade humana atual.

quarta-feira, novembro 15, 2006

Pois querem saber do que mais? Não vou ficar pedindo "pelamordedeus seja meu amigo, fale comigo, me ligue, preocupe-se!!!".

Resolvi que a partiri de hoje quem quiser que me procure. Não vou parar de falar com ninguém, mas vou simplesmente não falar com quem não demonstrou a menor vontade disso.

Impressionante. Enquanto um só falta se ajoelhar e implorar pela minha atenção, outro age como se minha presença e nada fossem sinônimos. Pois agora serão.

Adeus.

domingo, novembro 12, 2006

Eu tenho um blog que não é frequentado por absoluta falta de divulgação. Falei sobre ele com uma única pessoa. Justo a pessoa com a memória mais volátil pra coisas inúteis que eu conheço.

Nada a criticar. Mas preciso melhorar o marketing se eu quiser realmente escrever e saber que alguém (além de eu mesma) vai ler...

* * *

Enfim... testes...

i am open-minded!




How indie are you?
test by ridethefader

You're pretty knowledgeable about music in general. You like indie music, sure, but that's only part of it.
You'll listen to any old shit as long as it sounds good to you. You're not snobby about music at all, you
just like what you like. How boring. Curiously, this makes you popular with the opposite sex.

sábado, novembro 11, 2006

Não sei o que as pessoas têm a favor de confusões eventuais. O cara não tem razão, não tem dinheiro, nao tem tempo, não tem nada - e talvez deva algumas coisas - mas tá lá, arrumando confusão, reclamando, batendo o pé para resolver uma situação na qual ele é culpado.

Coisa complicada essa. Lidar com egos do tamanho daquele apresentado por Napoleão (sim, o francês) e comportamentos que sua irmãzinha deveria ter tido. "Tem uma cobra aqui perto" "Olha, você pára de me chamar de cobra!" "Mas eu nao to falando de você, só disse que tem uma cobra aqui perto..."

A novidade do momento é uma sindicância aberta na escola.
Não sei se esse tipo de coisa é sigilosa, mas se fosse, era.
Abriram a tal sindicância - depois de passarem duas semanas "passeando" na escola, como se nada estivesse acontecendo, só pra "ver como tudo está caminhando, se há algum dificuldade em particular". E eu sou neta da Elizabeth, talvez até futura herdeira do trono, caso William e Harry morram. "Claro, claro." Sorrio e nada falo.

O pior não é abrir sindicância - é fazer isso, não falar nada e investigar a pessoa errada. Go figure...

Eu respiro fundo, perdoo a falta de foco da humanidade, pois ninguém sabe mesmo o que faz. E continuo trabalhando. Afinal eu tenho que ganhar minha fortuna salarial ao final do mês e meus alunos, coitados, não fizeram nada de errado além de nascer no século errado. Se nascessem um pouquinho antes não teriam a esperança de futuro, se nascessem um pouquinho depois também não.

Esperança, esta maldita...

segunda-feira, novembro 06, 2006

Slow-motion

You kissed me with your eyes.
By the time your lips touched mine, I was already kissing you.
You shared your breath with me and I could feel every little atom of oxygen your body rejected. Each one of them came inside me as they left your own lungs through your mouth, your tongue guiding them, your hands controling my heartbeat so that none would be wasted.
You didn`t waste time, I didn`t wast air and movements and words. I did not talk, I did not move. I just closed my eyes and waited, patiently, to feel my lower lip between your teeth, your hand on my chin, holding my head and making it move slowly from side to side, the air constantly passing from your mouth to mine, my heart pumping through my veins the air that was yours, small parts of you inside me.
It was eternity. And then it ended.

03/11/2006 - 01h02


* * *

O problema com o sono é quando ele não vem.
São 2h da manhã, novo horário de verão, eu tenho que acordar cedo e estou aqui. Escrevendo. Desde ontem. E tenho certeza que ninguém vai ler. Talvez nem eu mesma tenha coragem de reler o que escrevi.
Todo mundo tem um ou outro mistério. Alguns segredos não contamos nem para nós mesmos. ;)
"E eu gosto de meninas e meninos"

O post original - o primeiro - foi baseado na licença poética. Minha sobre a música. Corrigida a tempo. Mas não menos chocante. Talvez essa agora fique até mais chocante.
Pelo menos na música original ele não tem dúvidas.

Chocante para um retorno? Também acho.