sexta-feira, março 30, 2007

(E enquanto eu procurava a foto do coração partido descobri uma página da Unicamp com muitas imagens de cérebros danificados das formas mais estranhas e dolorosas. Vocês sabiam que uma sinusite pode levar à morte? Pois é... Pode.)

Coração partido

A foto que mais marcou meu início de adolescência eu vi em uma daquelas enciclopédias de medicina e saúde. Acho até que o nome era esse, "Medicina e Saúde", da editora Abril.
Dentre várias doenças conhecidas e outras nem tanto estavam as informações que uso atualmente - daí meu dito "carisma", fruto de anos de leitura ávida, desesperada e incontrolável.

E uma foto. No meio de tantas. Uma foto de página inteira, colorida. A página da direita, a mais cara no jornal. Um coração. Enorme. E partido. Um infarto no miocárdio levou à ruptura da parede muscular. Via-se claramente a rachadura, e o sangue coagulado dava uma mostra do que tinha acontecido no peito de seu antigo usuário. Uma rachadura no coração.

E eu cheguei à conclusão que as pessoas morrem, sim, por coração partido. Porque uma decepção muito grande, uma grande dor, associado a hábitos pouco saudáveis, pode levar a uma parada cardíaca, que pode levar ao infarto, que pode levar à ruptura de miocárdio. O coração partido. A certeza da morte e do fim.

Cuidado com os corações alheios...





(Não era essa a foto, mas vale a título de curiosidade.)

quinta-feira, março 29, 2007

Descobri hoje no ônibus que desde criancinha eu tenho medo de pessoas. Lembrei como eu me sentia mal, na sala de aula, ainda no Jardim, preocupada em como fazer amizades e em descobrir porque as crianças são tão más umas com as outras.
Descobri que sempre fui uma criança preocupada. Nada autêntica e nada espontânea. Exceto ultimamente, o que me valeu o rótulo de "sem noção". Vai entender...

Políticas da companhia. Nada de menção direta ou indireta a ela. Estou usando ferramenta corporativa. Preciso me controlar.. rs

terça-feira, março 27, 2007

Ontem o dia foi alucinante.

Depois de trabalhar muito, receber duas visitas e voltar pra casa de trem, descubro que esqueci a chave no trabalho, que o notebook funciona mas sem velox e que as conexões dial-up estão bem melhores que antigamente. Para completar, ainda me contam outra daquelas "revelações à distância" que eu falei no outro post...

Vou dormir meia-noite (pra evitar pagar muito na conta telefônica, claro) e decido não acordar tão cedo no dia seguinte, afinal eu já tenho bastantes horas-extra, é hora de gastar.

7h30 da manhã, a casa vazia, eu pulo da cama. "Meu Deus! Eu tô sem chave!"
O que faço eu? Lembro que tenho a chave da porta de casa, mas não do portão.
Pra minha sorte, ainda estou bastante flexível e consigo pular o muro pra sair, sob os olhares interrogativos dos vizinhos.
Isso tudo com um salto gigantesco que poderia ter quebrado e/ou torcido todos os ossos e articulações dos meus pés.

Pelo menos sei que, caso a placa de rede não colabore, ela irá não colaborar apenas até 3a feira da semana que vem. Conexão discada, você está com os dias contados!
(Valeu, Michel!)

sexta-feira, março 23, 2007

Eu não sei porque sou tímida.
E não sei porque ninguém acredita.
Isso é ruim, muito ruim...

Porque as pessoas esperam que eu não seja, e confiam que eu não sou. Aí eu faço algo típico de um ser humano tímido-com-medo-de-pessoas e acham que eu sou mal educada, que eu sou implicante, que eu sou arrogante.

Eu não sou, gente.. Eu sou tímida!
Se vocês passarem por mim no corredor e não me virem, eu não vou cumprimentar.
Se me encontrarem no corredor e não me virem, eu não vou cumprimentar.
Se estiverem com muita gente em volta, eu provavelmente só vou cumprimentar quando vocês me olharem.

Eu não tomo iniciativa. Eu sou tímida, envergonhada, sem graça. Acostumem-se a isso. =)

quinta-feira, março 22, 2007

Série "Cortês, mas sem noção"

Tento marcar reunião. O meu colega não pode. Nunca pode.
O outro participante liga várias vezes, buscando alternativas. Nunca pode.

Finalmente marcamos. E sugerimos a participação de uma 4a pessoa.
Lembrando a dificuldade para marcar a reunião, segue-se o diálogo:

- Puxa, será que ele vai poder ir nesse dia? Imagina ter que procurar outro...
- Nada, ele vai poder sim. Ele tem muito interesse nesse assunto.

Pausa.

- Você sabe que dá pra fazer uma outra interpretação com o que você falou...
- Como assim, Sarita?

Risos.

- Você disse que ele vai poder qualquer dia porque ele tem interesse em ir...
- Eu não entendi. O que você quer dizer com isso. Agora explica.
- Nada não, deixa pra lá. Desculpa.

Mais risos.

* * *

Sou cortês, mas, por mais que tente, continuo sem noção.
Tudo na vida tem vantagens.
Ficar no trabalho até tarde também tem vantagens.
O silêncio é absurdo.
A concentração cresce de maneira inversamente proporcional ao número de pessoas cujo reflexo vejo no vidro.
Os telefonemas diminuem.
Não preciso de som pra me concentrar, então não fico com dor de ouvido.
Vou pra casa de táxi.
Posso falar alto no corredor sem medo de atrapalhar os outros.
E, principalmente, consigo descobrir de que maneira vou responder o bendito parecer mais truncado da história da minha vida! Que servirá de diretriz futura.

Sarita criando doutrina. Vou começar a me citar. Isso sim é presunção. =)

Ah, sim. Outra vantagem. Você pode tentar descobrir onde estão os servidores. Ou não.

quarta-feira, março 21, 2007

A teoria revolucionária que mudou minha vida:

"Poblema" é meu, "pobrema" é seu e "problema" é aquele de matemática.

Bastante esclarecedor, não acham?

terça-feira, março 20, 2007

Abaixo as maiúsculas!

venho hoje como representante oficial do proletariado alfabético. sim, em nome das desvalidas, desvalorizadas, desamparadas e subestimadas letras minúsculas eu escrevo esse post.
afinal, quem inventou que a letra maiúscula vale mais? seu único papel é organizar a frase, pra que quem lê consiga parar e respirar na hora certa, caso não tenha enxergado o ponto.
em verdade vos digo, a letra maiúscula nada mais é que um subterfúgio desesperado, a última esperança na tentativa de salvar a narrativa.
e eu, como amante da narrativa livre ainda que presa às formas, amante da liberdade de pontuar onde bem se entender ou não se pontuar ou mesmo obedecer as estritas normas da Gramática Normativa Brasileira (esta sim, com maiúsula por autoproclamação).

chamá-la de gramática normativa, em minúsculas, seria como chamar o presidente da república pelo apelido dele. o cargo impõe respeito, não pelo autoritarismo, mas pela responsabilidade que carrega. uma boa minúscula, uma minúscula de verdade, sabe quando se ausentar e deixar a maiúscula assumir...

mas abaixo o autoritarismo das maiúsculas! abaixo a ditadura da Gramática Normativa! usemos nossa liberdade para MAISUCULAR TUDO! ou para aLtErNaR maiúscula e minúscula!
ABAIXO!

ou não.

segunda-feira, março 19, 2007

Como alguém pode passar o dia inteiro com o e-mail aberto e nãoo receber quase nada?
Tenho que investir na minha popularidade. Uma pessoa só é popular pelo número de e-mails (mesmo indesejados) que recebe. Nem spam eu tenho recebido!

E não bastasse isso, meu "e-mail corporativo" anda louco. Vive acusando a existência de mensagens invisíveis. Sim, porque se eu não as vejo na caixa de entrada e elas estão lá, elas só podem ser invisíveis. Ou então meus óculos fazem mais falta do que eu imaginava...

domingo, março 18, 2007

Butterflies in the stomach.

Poucas expressões definem tão bem uma sensação. O frio na barriga subitamente ganha um motivo: são as borboletas agitando suas asinhas...

(Só há um problema com as borboletas: você pode se acostumar com elas...)

sexta-feira, março 16, 2007

Amor platônico

Filosoficamente, pode ser definido como o mais belo e supremo amor possível de ser sentido por um ser humano.
Psiquiatricamente (ou psicologicamente) trata-se de uma fantasia.

A maioria das pessoas normais possui fantasias. A maioria das pessoas normais, em pensamento, trai seus parceiros.
Não pretendo falar sobre a impropriedade destes pensamentos, a fidelidade mesmo em sonhos ou a necessidade de abrir o jogo e contar tudo.
Pensar ainda é permitido de forma irrestrita. Não se presta conta aos outros do que se pensa, mas apenas a si mesmo.

Talvez isso seja ainda pior. Pior do que explicar-se para alguém é justificar-se para si mesmo, buscar alternativas, explicações, respostas possíveis, soluções, e fugir de todos os "mas...", "não é bem assim..." e "olha só..." que passam pela cabeça.

Pensar em outra pessoa causa, sim, sentimento de culpa. Ou não. Tudo é muito relativo.

Na verdade eu acho que depende do nível de realidade imposta ao fato. Por exemplo: descobrir que me sinto assim por um amigo de um amigo é diferente de sentir-se assim por um colega de trabalho. A probabilidade de complicar o relacionamento no trabalho é pior, muito pior. Eu posso começar a persegui-lo sem perceber, posso começar a mandar e-mails sem perceber quantos e-mails mando, posso começar a visitá-lo com mais frequencia do que ele gostaria. Com um amigo de um amigo, o contato costuma ser reduzido; não tem como eu fazer nada disso, na pior das hipóteses ele me acharia atirada ou tímida demais...

Por que tudo isso? Por nada...
Andei pensando nas implicações do tal amor platônico. E descobri que pode fazer mal, muito mal.

Mas pode fazer bem também. Quase todo mundo gosta de sentir aquele frio na barriga, o medo da aproximação e, principalmente, o medo do contato. Medo. Essa é a palavra-chave. Te deixa alerta e ansioso por acordar.

Tenham uma boa vida, meus caros.
Este blog se retira, até segunda ordem.

E eu ainda amo vocês. =)

Série "Cortês, mas sem noção"

Desilusão, desilusão, danço eu, dança você na dança da solidão...

* * *

Ter finalmente uma placa de som instalada no pc é ótimo - dá pra trabalhar ouvindo música.
Trabalhar com fone de ouvido é ótimo - abafa os sons externos e aumenta a concentração.

Os únicos problemas: as pessoas nem sempre têm noção de quão alto está o volume... geralmente vêm falar comigo e eu neeem aí... sorte que minha percepção espacial ainda é boa e eu noto algo estranho, o que me faz olhar em volta e ver a pessoa, coitada, parada falando comigo...

(Pedido de desculpas público à Adriana, ao Michel e à Ju... Sorry!!!)

Mas eu ainda prefiro trabalhar de fone de ouvido...

quarta-feira, março 14, 2007

Justiça seja feita. Eu reclamei sobre as pessoas não cederem lugar no ônibus nem se oferecerem para segurar bolsas. Pois acho que o problema é o horário em que eu pego o ônibus.
Hoje de manhã eu cedi o lugar para uma velhinha e, para minha surpresa, o cara que estava do meu lado levantou para que eu sentasse e ainda me desejou um bom dia antes de descer. Fiquei chocada.

* * *

O faroeste é aqui. Saquem seus crachás para ver quem abre a porta primeiro: quem está dentro ou quem está fora.

(Acreditem, essa história do "gatilho mais rápido do Jurídico" quem me falou foi um gerente. E deu empate: nós dois somos rápidos, aparentemente..)

terça-feira, março 13, 2007

Pensava que só eu fosse adepta das revelações à distância. Descobri que não. As pessoas são bizarras. Acreditam piamente que a distância traz a impunidade, ou o esquecimento. Assim, qualquer coisa dita nessas circunstâncias ou será esquecida pela outra pessoa (pelo menos até o momento do retorno) ou será perdoada.

É como o último desejo de um moribundo ou as palavras de alguém reconhecidamente louco. Você pode escolher ignorar, acreditar e sujeitar-se às consequências, ou simplesmente sorrir com cara de paisagem e pensar "perdoai-o, Senhor".

O cara espera a mulher viajar para dizer a ela que não a ama mais. O cara viaja e, lá, informa à melhor amiga (casada) que está apaixonado por ela. A mulher aproveita a viagem do marido para assumir para si mesma que não o ama mais (sim, porque uma revelação bombástica é suficiente).

E a pessoa que ouve a revelação, em choque, limita-se a sorrir e continuar, com cara de miss em desfile. Acenando e sorrindo. E esperando.

Esperando o quê eu não sei. Não há nada a ser feito nessas situações. Pode-se, ao menos pensar "eu já sabia!". Porque, na verdade, se alguém espera a impunidade da distância é porque o assunto nunca deveria ter sido mencionado, por mais que você agora esteja feliz em saber.

segunda-feira, março 12, 2007

"It's meeting the man of my dreams
And then meeting his beautiful wife
And isn't it ironic... don't you think
A little too ironic... and yeah I really do think..."

Ironic - Alanis Morisette

* * *

O melhor trecho da música. O tipo de coisa que você sempre tem medo que aconteça. E que sempre me fazia rir. Hahahaha.
A má-educação está presente em todos os lugares do universo. Até dentro do ônibus. Muitas vezes principalmente dentro do ônibus.

Eu não sou o tipo de pessoa que cede lugar pra qualquer um pelo simples prazer de ceder o lugar. Eu cedo lugar pra senhoras e senhores idosos, para pessoas com crianças pequenas, para deficientes em geral, muitas vezes para alguém que está apenas aparentando cansaço ou carregando muitas bolsas. Eu cedo o lugar, obedeço a sugestão do metrô e sou solidária.

Hoje quando peguei o ônibus não tinha lugar para sentar. Estava em pé, o que não me incomoda. Estava com livros e jornal em uma das mãos, o que não me incomoda também. Geralmente. Em situações normais. Hoje eu estava com o punho devidamente imobilizado. O que, é óbvio, me impedia de segurar-me corretamente ou com a devida presteza. Imaginem agora como é que eu iria fazer para segurar-me e segurar os livros e jornal com o punho imobilizado...

Se fosse eu a pessoa sentada, ofereceria o meu lugar. Mas eu não queria sentar. Então, na hipótese da recusa eu simplesmente ofereceria para levar os livros e jornal.

Nada. Ninguém. Vim no ônibus em pé, da Penha até Bonsucesso, lutando contra o imbilizador que me impedia de dobrar o polegar e segurar o livro e brigando com o livro que cismava em cair. E ninguém se ofereceu para livrar-se desse sufoco.

A partir daí, eu poderia pensar em vingança contra a espécie humana.

Não o farei. Agora mesmo que eu vou me oferecer mais insistentemente ainda para segurar bolsas, pastas e ficar em pé. Já sei o que acontece quando ninguém faz isso.

Este mundo é mesmo um lugar muito solitário...

domingo, março 11, 2007

Você sabia?

- Van Gogh bebia absinto. Um dos efeitos colaterais, surgido com o tempo, era a alteração na forma de percepção das cores. Por isso os girassóis foram ficando mais amarelos com o tempo.

E eu ainda vou lembrar qual livro fala sobre isso.







Cleaning out my closet

Como diria Eminem, hoje é dia de limpeza. Domingo sempre me pareceu dia de limpar o armário, tirar poeira, colocar pingos nos i`s. E nunca pareceu primeiro dia de semana.
Vejamos: Deus criou o mundo em 6 dias e descansou no sétimo. O "sétimo" não é o domingo. É o sábado. A conclusão lógica é que eu sempre estive certa em não deixar pra acordar meio-dia no domingo. Acordar tarde é perder metade do dia. É deixar pra terminar de espreguiçar às 14h, almoçar às 15h e perceber que o dia está acabando bem no momento em que resolver arrumar algo para fazer. É perder tempo, em suma.

Hoje então resolvi arrumar meu "armário". Começando pelos textos. Descobri vários outro dia, e preciso organizá-los, relê-los e rir, muito.
Os inéditos por motivos óbvios eu postarei. Tirem suas próprias conclusões. Só me explico em situações extraordinárias. =)

* * *

Cada gota de lágrima que caía parecia derreter o papel.
Lágrima cáustica, palavra vazia.
As mãos crispadas em torno do próprio pescoço.
O ar sumia ao seu redor enquanto o cheiro de sua morte ficava cada vez mais perto.
Desistia de sua vida. Desistia de sua dor.
Abandonava cada célula, entregue a propria sorte.
Esquecia-se da vida que pulsava em suas veias.
Sorria ao sentir cada vez menos os pés.
Nao, nao queria parar.
Mas nao teria alternativa.

Sarita
30/12/2006 - 19h19

sábado, março 10, 2007

i carry your heart with me (i carry it in
my heart) i am never without it (anywhere
i go you go,my dear; and whatever is done
by only me is your doing,my darling)

___________________________ i fear
no fate (for you are my fate,my sweet) i want
no world (for beautiful you are my world,my true)
and it's you are whatever a moon has always meant
and whatever a sun will always sing is you

here is the deepest secret nobody knows
(here is the root of the root and the bud of the bud
and the sky of the sky of a tree called life;which grows
higher than the soul can hope or mind can hide)
and this is the wonder that's keeping the stars apart

i carry your heart (i carry it in my heart)

(e e cummings)
"Acordou com vontade de fazer uma loucura. Iria juntar suas coisas e sair. Ir pra longe, pra qualquer lugar. Chegou mesmo a colocar as calças jeans, dobradas com cuidado, dentro da mochila. Mas então olhou pela janela. Chovia. Muito. O som abafado pelo rádio ligado. Deu de ombros. Deixaria pra fugir um outro dia.
Chuva providencial. Porque ele não sabia mesmo pra onde ia, não sabia como iria, nem sabia como explicar isso pra sua esposa."

sexta-feira, março 09, 2007

Eu não sei o que acontece comigo quando algum bebê resolve nascer. Tenho a sensação de que eu passei a vida inteira esperando por aquela notícia específica, e é assim com todos os bebês, como se eu fosse um dos pais de todos eles. Estranho?
Não, não é. Há muitos anos os bebês eram considerados amaldiçoados, bruxos. Exatamente porque fazem isso com as pessoas, porque conseguem parar o mundo ao redor com a simples notícia de sua chegada.

Enfim. Vitória, seja bem vinda a esse planeta. E boa sorte. Porque a parte mais difícil mesmo vai começar agora. =)

quinta-feira, março 08, 2007


Saudações rubro-negras.

quarta-feira, março 07, 2007

A diferença entre paixão e amor é sutil. Muitas vezes imperceptível.
Paixão não precisa de cuidado. Paixão queima enquanto puder, mas basta uma leve aproximação pra começar tudo de novo. Paixão você pode não se arrepender de ter sentido, mas com certeza vai causar boas risadas depois. É só esperar um tempo, que passa. Paixão sempre passa.
Amor não. Amor fica, mesmo que acabe. É estranho, mas a lembrança fica. E muitas vezes ela acaba sendo melhor que o sentimento em si. Saudade é uma dor gostosa. Como aquele friozinho na barriga. "Butterflies in the stomach", que Cristiano diz ser queda de pressão. Pouco romântico, não? Também acho. Prefiro chamar de "butterflies in the stomach".

E quem me dera, no auge da paixão ou antes do amor acabar, escrever algo assim...


Beatriz - Chico Buarque

Olha
Será que ela é moça
Será que ela é triste
Será que é o contrário
Será que é pintura
O rosto da atriz

Se ela dança no sétimo céu
Se ela acredita que é outro país
E se ela só decora o seu papel
E se eu pudesse entrar na sua vida

Olha
Será que ela é louça
Será que é de éter
Será que é loucura
Será que é cenário
A casa da atriz
Se ela mora num arranha-céu
E se as paredes são feitas de giz
E se ela chora num quarto de hotel
E se eu pudesse entrar na sua vida

Sim, me leva pra sempre, Beatriz
Me ensina a não andar com os pés no chão
Para sempre é sempre por um triz
Aí, diz quantos desastres tem na minha mão
Diz se é perigoso a gente ser feliz

Olha
Será que é uma estrela
Será que é mentira
Será que é comédia
Será que é divina
A vida da atriz
Se ela um dia despencar do céu
E se os pagantes exigirem bis
E se o arcanjo passar o chapéu
E se eu pudesse entrar na sua vida


(Porque todo mundo, ao menos uma vez, viveu um personagem...)
Promessa de campanha.

Independentemente do resultado do jogo de hoje, amanhã o blog retornará às cores originais. Uma vez Flamengo, sempre Flamengo. Mas esse fundo preto tá me dando dor de cabeça já...

E por favor, quando aparecerem por aqui, deixem ao menos um "oi, garota"..

sexta-feira, março 02, 2007

O que eu gosto em Cavaleiros do Zodíaco?

Todo mundo que gosta está na classe de pessoas legais e boas de papo.
Tem sempre alguém disposto a socializar a saga de Hades, inclusive se oferecendo pra gravar em dvd.
Provoca risos nas outras pessoas, mas elas passam a te ver como alguém bonitinho, meigo e gentil.
É facilmente identificável no monitor alheio (ninguém confunde a cara de dor do Seiya).
Serve como moeda de barganha (eu te empresto o dvd e você grava esse seu aí pra mim).
As pessoas são solidárias à dor dos personagens, mas costumam achar o Seiya o herói mais improvável de todos.
Todo mundo queria ter o cabelo do Shirryu.
Ensina as crianças a ter auto-confiança e a ter amigos.
Me mostrou que eu seria uma excelente advogada.
Deixa as pessoas mais alegres com a vida. Sei lá porquê. =)

Assim como não sei de onde veio esse post.

quinta-feira, março 01, 2007

A princesa e a ervilha

A estória é conhecida. Uma menina maltrapilha aparece do nada no castelo, dizendo ser a princesa de um reino distante. É acolhida pelos reis, mas a rainha, desconfiada, resolve submetê-la a uma prova.

* * *

Õnibus lotado é um inferno. Tem sempre um velhinho procurando lugar pra sentar, gente fingindo não te ver com bolsas, pastas e livros, e mulheres de sapatos com salto plataforma...
Ahhh o salto plataforma... dói só de lembrar.

* * *

A rainha, então, sem avisar nada pra princesa, coloca uma única ervilha no colchão onde ela deitaria. Deixa a ervilha ali, confortavelmente instalada, e soterra-a sob toneladas de outros colchões, com o pretexto de deixar a cama mais macia.
A princesa dirige-se então ao quarto, onde passaria a noite.

* * *

Salto plataforma é muito interessante quando você quer ficar mais alta ou passar incólume por inundações.
Mas experimente estar com uma sandalinha delicada, de tirinhas no pé e salto baixo, ou, no caso dos meninos, chinelos, no ônibus lotado, ao lado de uma mulher com um super-salto-plataforma de 09cm...

* * *

A princesa deita-se para dormir, assim como todos no castelo.
No dia seguinte, a rainha encontra a princesa na mesa do café da manhã e pergunta se ela teve uma boa noite de sono.
- Nada.. tive uma noite péssima! Dormi a noite inteira como se tivesse uma pedra embaixo do meu colchão...

* * *

O salto plataforma atinge a sandalinha ou o chinelo (e o pé que o hospeda) com a mesma força que uma pick-up monster atinge um utilitário ecológico à bateria ou uma Land Rover atinge uma motocicleta.
A unha é achatada, o pé escurece, a dor é lancinante.

* * *

A rainha fica satisfeita. A princesa é real. Só princesas sentiriam uma ervilha soterrada por toneladas de colchões...

* * *

Se a dona do plataforma pedir desculpas, curve-se: você estará diante de uma princesa. De verdade. Das raras.
Eu não precisei me curvar. Nenhuma das vezes em que isso aconteceu.