terça-feira, abril 29, 2008

Apólogo

Não é sobre o Flamengo, caju. =)

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Vocês conhecem um conto do Drummond chamado "Apólogo"? Não tenho certeza quanto ao autor nem quanto ao nome, mas resumidamente é a história de uma agulha que se revolta por achar que faz todo o trabalho para a linha - que nada faz - ir às festas nas roupas das clientes da costureira. Esta história se passa na caixinha de costura, e a conclusão é que todos, em algum momento da vida, servimos de agulha a alguma linha ordinária e sem consideração.

Lembrei desse conto há alguns meses - e digo isso sem ressentimento, até achando graça - quando uma menina que estudou comigo me ligou pedindo algumas informações sobre um concurso que eu tinha feito. Não digo que ela não poderia ter ligado - afinal, ela tinha meu número, e são relativamente poucas as pessoas que o têm. Digo apenas que foi estranho atender o telefone e ouvir alguém que eu não via há séculos me pedindo informações sobre concurso quando ela poderia ter me ligado há outros séculos para devolver um dvd meu que ainda está com ela desde que nos vimos pela última vez.

Isso tem aproximadamente 3 anos. E nesse tempo todo ela me ligou, tirou a dúvida que queria, tornou a ligar, tornou a tirar dúvida e pedir informações - me senti o RH da empresa, mas fui bastante solícita até onde permitiram meus pareceres e meus prazos. E nada do dvd.

Não me incomodo em ajudar, se eu puder ajudar. Mas é engraçado como algumas pessoas conseguem ter força de vontade (ou cara de pau, não sei bem.. rs) suficiente para procurar pessoas com quem não tem intimidade e pedir ajuda, repetidas vezes, esquecendo o que elas deveriam fazer...

O mais engraçado mesmo é que, neste caso específico, deu pra perceber que ela não estava à vontade. Ou seja, ela não tem cara de pau. E sabia que a situação era estranha para nós duas.

Com perdão do trocadilho a ouvidos mais ou menos sensíveis... cara, tá no inferno? abraça o capeta e chama de parceiro! Não dá pra ficar de mesuras, não dá pra ficar com meias palavras. O ato em si pede coragem e ausência de tecidos humanos no rosto. Abrace sua natureza vegetal! Pra usar, usa direito, caramba, desde que não avacalhe.

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