terça-feira, abril 17, 2007

Chuva fantasma

A semana promete.

Começamos com uma viagem até o Méier (quem mora no Méier não bobéier nem pega mocréier, vai entender) no domingo, saltos altos, maquiagens e cadeiras a tiracolo. Sim, cadeiras. Sabe como é, recém-casados solicitando que cada visita compareça munida de seu próprio assento, sob pena de passar a noite em pé ou brigando por um lugar sentado.

Ontem, às expensas de minha empregadora que eu amo de paixão, iniciou-se meu curso. Direito dos Contratos, palestra proferida pelo brilhante Gustavo Tepedino (Pedro, o cara sabe falar, isso você deve admitir).
Brilhantemente encerrada mais de uma hora antes do previsto. Saí cedo. Por "cedo" entenda-se 20h30. Considerando que eu estava na Candelária e fui pro ponto de ônibus na Presidente Vargas sozinha, esse "cedo" já era bem tarde...

Hoje então, às 6h30 da madrugada, fui acordada pelo perfume de minha irmã. Vocês já foram acordados por perfume? Bem dentro do seu nariz? Você lutando pra resistir e ele invade suas terminações nervosas e grita para o seu cérebro "Acorda, fdp! Se eu vou trabalhar agora, você vai também!"
Levanto, tomo banho e estou com o armário aberto na eterna dúvida "calça jeans? salto alto? preto ou bege? blusa comprida? rosa? branca?" quando minha irmã (a dona do perfume talibã) aparece às gargalhadas informando que a chuva está chegando e que o centro da cidade já estava inundado. Eu penso "Pronto. Ferrou. Meu guarda-chuva ficou lá."
Descubro um guarda-chuva no armário (aqueles que você guarda porque tem pena de jogar no lixo e acha que um dia vai servir, vai sim!) e a chuva começa. Tímida, tomando coragem. Quando ela toma coragem eu já estou na porta de casa, gritando por meu irmão e dizendo "anda logo! vambora!", enquanto ele atônito olha pela janela. Horário de trabalho é horário de trabalho...
A chuva parecia meio sádica... Molhava como nunca!!!
Fugindo das tradicionais poças (leia-se "póças") na calçada, vamos pelo meio da rua, até que a rua desaparece. Litros e litros de água ondulante e nada confiável transformaram o final da minha rua (que é descida) em um rio. Passamos por dentro de um bar para fugir da água e seguimos pela calçada, acompanhados lado a lado pelo tal rio (que já tem um metro de largura e 10cm de profundidade), até que chega a esquina. E o rio vira à direita, exatamente do lado onde estávamos...
Analiso a correnteza, penso bem, imagino voltar pra casa, mas não posso.
Ultrapasso o rio aos saltitos de corsa assustada, enquanto as pessoas no ponto de ônibus do outro lado da rua riem discretamente. Minha cara de estupefação vira tristeza absoluta ao tirar o sapato de couro para derramar a água. Meus pés sentiram-se peixes e eu me senti péssima.
A chuva parou quase instantaneamente. 10min depois disso não havia água no céu e o sol aparecia, quente como sempre.

E o arco-íris. Espetacular.
Valeu a chuva, valeo o banho extra, valeu a água e a possível gripe. Valu até o estrago no sapato e o cheiro nada agradável de couro molhado...

Porque o Rio de Janeiro é mesmo uma cidade maravilhosa, e a natureza sempre arruma um jeito de colaborar, mesmo que para isso eu tenha passado por afogamentos, atrasos e um trânsito absurdo.

5 comentários:

Anônimo disse...

Sarita, querida, por favor, "póças" não! "Póças" é coisa de paulista, assim como "bólsos". Em carioquês a gente fala "pôças", "bôlsos" e assim por diante.

Você não sabe como dói na alma um texto tão bonito e bem escrito ser maculado dessa forma.

Anônimo disse...

Eu escrevi de propósito!!!!!!!!!!! rs

(E você sabe que a forma original é "póças" e "bólsos", né?)

Cristiano disse...

E eu preso no metrô...

Anônimo disse...

E aqui um sol maravilhoso, num céu azul infinito e alto... Em tempo: eu odeio as pessoas que não têm noção do quanto um perfume incomoda. Ah, e lá em casa tem onde sentar.

Anônimo disse...

Ter onde sentar é fundamental!!! Realmente!!!

Engraçado que eu tenho alergia a cheiros muito fortes. Tem uns perfumes que me deixam com uma dor de cabeça felomenal.

E o jogo ontem, hein? Patético...